A puberdade é uma fase natural marcada por transformações físicas e emocionais intensas – mas que nem sempre vêm acompanhadas de explicações claras para os jovens.
Em geral, essas mudanças começam mais cedo nas meninas (por volta dos 9–10 anos de idade), enquanto nos meninos costumam iniciar cerca de dois anos mais tarde. O corpo passa por um verdadeiro “esticão” de crescimento e adquire características adultas: nas meninas, surge o botão mamário seguido pelo desenvolvimento dos seios, alargamento dos quadris e a ocorrência da primeira menstruação (menarca) cerca de 2 a 3 anos após o começo da puberdade; nos meninos, os testículos aumentam de volume (marcando o início puberal), a voz muda e torna-se mais grave, e ocorre o aumento da massa muscular e do tamanho do pênis. Em ambos os sexos observa-se o aparecimento de pelos púbicos e axilares, o aumento da oleosidade da pele com possíveis casos de acne, além de maior sudorese e odor corporal acentuado. Essas alterações são adequadamente normais e fazem parte do crescimento saudável, mas podem surpreender os adolescentes e gerar inseguranças em relação à sua própria imagem.
Para os pais, o desafio é desmistificar essas mudanças e oferecer apoio durante essa fase turbulenta. É essencial explicar aos filhos, com antecedência e naturalidade, o que está a acontecer com seus corpos. Quando começar? Idealmente, antes mesmo de a puberdade se manifestar visivelmente – ou seja, por volta do final da infância –, já se deve abordar o assunto de forma leve, preparando os meninos e as meninas para as transformações que mais tarde virão. Reforce positivamente que todas essas alterações são normais e esperadas. Não devem ser motivo de vergonha, medo ou tristeza, pois representam simplesmente o corpo a desenvolver-se até à sua fase mais madura. Cada jovem tem o seu próprio tempo: algumas meninas menstruam aos 11 anos, outras apenas aos 14 ou 15; alguns meninos terão pico de crescimento aos 13, outros mais tarde. Explique essa diversidade, para que não fiquem ansiosos comparando-se com colegas. Normalizar o processo – por exemplo, dizendo que as “borbulhas e pontos negros” acontecem com quase todos, ou que a mudança de voz nos meninos é temporária – ajuda a reduzir as inseguranças típicas da idade.
Outra recomendação importante é manter um canal de diálogo sempre aberto. Lembre-se de que muitos adolescentes sentem-se envergonhados ou desconfortáveis em falar sobre mudanças do corpo e sexualidade. Por isso, evite “grandes sermões” ou conversas excessivamente formais, que podem condicionar algum constrangimento. Em vez disso, tente abordagens informais e contínuas: aproveite uma cena de filme, uma notícia ou alguma situação quotidiana como pretexto para conversar sobre a puberdade. Deixe claro que nenhuma pergunta é proibida – o seu filho deve sentir que pode tirar as dúvidas consigo em qualquer momento. Mostre-se disponível e acolhedor: interrompa o que estiver a fazer se o jovem vier buscar orientação, demonstre interesse e escute sem julgamentos. Muitas vezes os adolescentes reclamam que “não são compreendidos”; portanto, o diálogo e a empatia da sua parte serão fundamentais para que ele se sinta apoiado. Ao mesmo tempo, respeite a privacidade do seu filho. É natural que nessa idade ele queira um pouco mais de espaço e intimidade. Dê esse voto de confiança – por exemplo, bater na porta antes de entrar no seu quarto – mas mantenha-se atento a mudanças drásticas de comportamento.
As oscilações do humor merecem um olhar cuidadoso. Devido às mudanças hormonais da adolescência, é comum ocorrer instabilidade no humor e nas emoções do jovem. Ansiedade, irritabilidade ou tristeza transitória fazem parte do amadurecimento psicológico nessa fase. Os pais devem ter paciência e compreender que, muitas vezes, o adolescente pode alternar entre euforia e apatia rápidamente – isso geralmente não é um “drama” ou má-educação, mas reflexo de um cérebro em desenvolvimento sob o efeito de hormonas e neurotransmissores. No entanto, é importante diferenciar o que é normal do que pode ser preocupante. Mudanças de humor muito extremas ou persistentes (como isolamento completo, agressividade fora do comum, tristeza profunda prolongada, etc.) podem sinalizar um problema que vai além das “turbulências” típicas da idade. Nesses casos, vale a pena abordar o assunto com sensibilidade – perguntar se algo o está a incomodar – e, se necessário, buscar a orientação de um profissional (pediatra ou psicólogo). Na maioria das vezes, porém, a instabilidade emocional juvenil resolve-se com apoio e tempo.
Em resumo, acolha o seu adolescente com compreensão e firmeza na medida certa. Esteja presente, mas sem invadir; converse, mas também saiba ouvir. Oriente sobre temas importantes – como sexualidade, cuidados com higiene, consentimento, responsabilidades – de forma franca e apropriada à idade, para que ele saiba o que esperar e como se cuidar. Elogie as conquistas e mudanças positivas (como o crescimento saudável ou a responsabilidade em novas tarefas), reforçando a auto-estima do jovem. Puberdade não precisa ser um bicho de sete cabeças: com diálogo aberto e respeito mútuo, essa fase deixa de ser um mistério. Ao perceber que os pais o apoiam e que as transformações do seu corpo são normais, o adolescente tende a atravessar esse período com muito mais confiança. Lembre-se de que, apesar das aparentes revoltas e silêncios, o suporte familiar é e continuará a ser sempre fundamental – e saber, e ter a certeza, que pode contar com pais presentes, disponíveis e informados faz toda a diferença nessa jornada de crescimento e desenvolvimento.
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