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Nutrição, Apetite, Peso e Imunidade

16 Dec 2025
Nutriçao
Apetite
Peso
Imunidade

Introdução
Uma boa nutrição e cuidados adequados são fundamentais para o crescimento saudável e para a eficácia do sistema imunológico em todas as faixas etárias. Alimentação inadequada pode comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo, além de enfraquecer as defesas do organismo, aumentando a suscetibilidade a infecções. Por outro lado, doenças infecciosas frequentes podem piorar o estado nutricional (por redução do apetite, má absorção e maior catabolismo) e criar um ciclo vicioso com a desnutrição. A seguir, apresentam-se algumas orientações clínicas englobando avaliação diagnóstica e orientação terapêutica actualizada nos âmbitos de pediatria, imunologia, infecciologia, metabolismo e nutrição. O objectivo é fornecer diretrizes claras sobre alimentação adequada, estimulação do apetite, recuperação ponderal e optimização da imunidade contra infecções, adaptadas a todas as faixas etárias, respeitando as particularidades de cada grupo etário.

Avaliação Diagnóstica e Abordagem Inicial
Antes de definir intervenções, é essencial uma avaliação clínica abrangente para identificar problemas nutricionais ou imunológicos e suas causas subjacentes. A maioria dos casos de dificuldade de ganho de peso decorre de nutrição inadequada, seja por doenças orgânicas ou por factores não orgânicos (ambientais/ psicológicos). Portanto, a investigação deve equilibrar a busca de doenças de base com a análise de factores dietéticos e sociais. Apenas após caracterizar o problema (por exemplo, “falta de apetite” transitória vs. anorexia persistente; perda de peso involuntária aguda vs. falha de crescimento crônica) é possível planear a melhor estratégia terapêutica.

Alimentação Adequada e Nutrição Equilibrada
Garantir uma alimentação saudável e equilibrada é a pedra angular para prevenir e tratar distúrbios nutricionais em todas as idades. Uma dieta balanceada fornece os macro e os micronutrientes necessários para o funcionamento óptimo do organismo e fortalecimento das defesas imunológicas. Principais recomendações: variedade de alimentos, proteínas e energia suficiente, horários e estrutura das refeições, limitar processados e equilibrar nutrientes, faixa etária. Em suma, respeitar as preferências individuais, culturais e o apetite inato (especialmente em crianças) faz parte de uma orientação alimentar humanizada. Forçar a ingestão raramente é benéfico; é preferível ajustar a oferta e apresentar alimentos saudáveis de forma agradável, criando um ambiente positivo durante as refeições.

Estímulação do Apetite
A falta de apetite (hiporexia ou anorexia, dependendo da intensidade) deve ser abordada inicialmente identificando e tratando causas reversíveis – por exemplo, infecções agudas, obstipação, dor crônica, stress psicológico ou efeitos colaterais de medicamentos. Em paralelo, adopta-se estratégias não farmacológicas para estimular o apetite: ambiente e rotina adequados, regularidade e pequenas porções, evitar líquidos em excesso nas refeições:, limitar “beliscos” e guloseimas, respeitar os sinais de saciedade, actividade física moderada, apoio psicossocial, uso de estimulantes farmacológicos.

Em resumo, o tratamento da inapetência combina corrigir causas identificáveis, adaptar o ambiente e hábitos alimentares, e em último caso utilizar medicamentos estimulantes com critério. Muitas crianças “ruins para comer” acabam por apresentar um ganho adequado ao aplicarmmos essas estratégias comportamentais e ao tranquilizar os pais (um terço das crianças podem ser picky eaters, mas desde que cresçam dentro da curva e tenham alimentação variada, intervenções drásticas não são necessárias).

Recuperação do Peso e Reabilitação Nutricional
Quando há déficit ponderal ou desnutrição diagnosticada, a meta principal do tratamento é restaurar o peso saudável e reverter as carências nutricionais, sem precipitar complicações. A abordagem depende da gravidade e da idade: plano alimentar hipercalórico/ hiperproteico, suplementação de micronutrientes, monitorização do ganho de peso, equipa multidisciplinar, educação e envolvimento da família, considerar condições especiais, considerar a prevenção da síndroma de realimentação.

Por fim, após a recuperação do peso alvo, o foco deve estar em manter hábitos alimentares saudáveis de longo prazo, prevenindo recaídas. Muitas vezes, após a reabilitação nutricional intensiva, o paciente pode reduzir a ingestão calórica (pois não precisa mais de catch-up) – isso é normal; o importante é que continue com dieta equilibrada para sustentar o crescimento ou a saúde, sem voltar a déficits.

Melhoria da Condição Imunológica e Prevenção de Infeções
O estado imunológico de um paciente está intimamente ligado à nutrição e aos cuidados preventivos. Diversas medidas podem optimizar a imunidade e diminuir a incidência de infecções, especialmente importantes para crianças pequenas, idosos e indivíduos com maior risco: manter alimentação balanceada, imunização actualizada, higiene e saneamento, estilo de vida saudável, sono de qualidade, gestão do stress, actividade física regular, evitar substâncias nocivas (tabaco, alcool), promover e cuidar a microbiota Intestinal, tratar e prevenir condições crônicas.

Considerações Finais
Embora os princípios gerais se apliquem a todos, é útil recapitular alguns destaques por faixa etária:

  • Pediatria (Lactentes, Crianças e Adolescentes): Priorizar prevenção da desnutrição desde a gestação (orientação nutricional materna) e início da vida (aleitamento materno). Monitorizar o crescimento com frequência, pois crianças são vulneráveis a déficits nutricionais que podem ter impactos duradouros. Lidar com fases de inapetência infantis com paciência e estratégias lúdicas, evitando intervenções medicamentosas desnecessárias. Vacinação completa e no tempo adequado é fundamental na pediatria para reduzir doenças preveníveis que comprometem o estado nutricional e o desenvolvimento. Atenção a adolescentes, em que hábitos alimentares podem tornar-se erráticos – reforçar educação nutricional e percepção de sinais de distúrbios alimentares emergentes.
  • Adultos: Manutenção de peso saudável é o foco – tanto evitar definhamento quanto prevenir/excessos (obesidade), pois a obesidade também pode prejudicar a imunidade, causando um estado inflamatório crônico. O acompanhamento clínico deve incluir avaliação periódica nutricional (por exemplo, dosear vitamina D, B12 em grupos de risco, rastrear dislipidemias e diabetes que se relacionam com dieta). Em adultos jovens, conciliar alimentação equilibrada com rotina agitada (incentivar “marmitas” saudáveis, planeamento de refeições). 

Conclusão
O profissional deve integrar conhecimentos de nutrição, metabolismo e imunologia para fornecer um cuidado integral. A orientação clínica de diagnóstico e terapêutica deve ser personalizada, baseada nas evidências mais recentes e nas necessidades individuais de cada paciente. Ao garantir alimentação adequada, estimular o apetite de forma saudável, promover a recuperação de peso quando necessário e adoptar medidas para aprimorar a imunidade e prevenir infecções, estaremos não só a tratar doenças existentes, mas também a actuar na prevenção e na promoção da saúde. Em última análise, esse conjunto de medidas melhora o crescimento das crianças, a vitalidade dos adultos e a independência funcional dos idosos, contribuindo para uma população mais saudável e resiliente.

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